As relações entre DTM (distúrbio da articulação entre o crânio e a mandíbula) e os diferentes tipos de dor na cabeça, ainda não estão totalmente esclarecidas, porém é um sintoma muitas vezes encontrado nos pacientes que sofrem com esse problema.  Vamos saber mais a partir de agora sobre a disfunção temporomandibular e a cefaleia.

 

Disfunção temporomandibular e a cefaleia

 

A classificação da Sociedade Internacional de Cefaleias (IHS), já considerava as dores de cabeça relacionadas à DTM e descrevia como um distúrbio do crânio, pescoço, desordens da articulação temporomandibular (ATM), músculos mastigatórios e outras estruturas crânio-fasciais presentes na região. (saiba mais sobre os diferentes tipos de dores de cabeça)

 

Sinais e sintomas da DTM

 

  • Dor na articulação temporomandibular;
  • Cefaleia;
  • Otalgias (dor no ouvido);
  • Dor facial (rosto);
  • Limitação funcional;
  • Dor no pescoço;
  • Cansaço;
  • Limitação da abertura da boca, dor durante a mastigação;
  • Zumbido etc.

 

Etiologia (origem da disfunção)

 

  • Alterações na oclusão (fechamento da boca)
  • Restaurações ou próteses mal- adaptadas;
  • Ausências dentárias;
  • Mastigação unilateral;
  • Lesões traumáticas ou degenerativas da ATM;
  • Alterações musculoesqueléticas;
  • Fatores psicológicos e emocionais (estresse, ansiedade, depressão)
  • Má postura
  • Hábitos parafuncionais (mascar chicletes, morder lápis, apoiar o queixo com a mão etc.).

As mulheres são as mais acometidas pela DTM.

 

Segundo Okerson, ocorre uma maior prevalência no sexo feminino, devido ao aumento nos níveis de estrógenos (hormônio feminino), deixando as articulações mais flexíveis e menos densas que a dos homens. Em outro estudo realizado por Gage, encontraram nas mulheres, aproximadamente o dobro de colágeno tipo III, deixando menos propensa a aguentar pressão funcional. As mulheres são mais acometidas por estresse do que os homens e apresentam mais doenças que envolvem o psicossomático, que somando com os fatores anatômicos, justificariam essa maior prevalência do sexo feminino em desenvolver a DTM. Os estudos demostram que nas mulheres que apresentam DTM, 50% apresentam a cefaleia e que essa proporção cai a 27,5% para os homens.

 

Hipóteses que relacionam a DTM, cervicalgia e cefaleia

 

Existe uma relação entre DTM e coluna cervical, devido as convergências neuroanatômicas de nociceptores, que permite uma comunicação entre os nervos espinhais (localizados na coluna cervical) e o nervo trigêmeo (relação com a DTM). Portanto a estimulação de estruturas inervadas pelo trigêmeo pode produzir dor no pescoço e vice-versa. Estudos demostram que pacientes que apresentam DTM possuem redução na resistência dos músculos do pescoço, dor a palpação no ECOM e trapézio superior (músculos do pescoço). Cerca de 70% das pessoas que apresentam DTM, possuem dor cervical associada. A incapacidade associada à dor na mandíbula e no pescoço interfere bastante nas atividades da vida diária e pode afetar o estilo de vida dos pacientes, reduzindo a capacidade do indivíduo de trabalhar e interagir em um ambiente social.

A sensibilidade muscular é o sinal mais comum encontrado nos pacientes com DTM e sua avaliação é um dos métodos mais importantes para estabelecer um diagnóstico clínico, sendo de interesse para os profissionais que trabalham com essa patologia. Estratégias de tratamento como exercícios, terapia manual, alongamentos e educação podem ser direcionados para esses músculos doloridos, a fim de reduzir o quadro de dor desses pacientes.

A Sensibilidade térmica é mais prevalente nos pacientes que apresentam enxaqueca associada à DTM em comparação com indivíduos que apresentavam só a DTM isolada, sugerindo que sua associação seria um fator responsável pela exacerbação na sensibilidade térmica.

A interação da DTM e as estruturas cervicais devem ser colocadas dentro do modelo biopsicossocial, onde a ansiedade, estresse e depressão, por exemplo, podem ser predisponentes de dor crônica, podendo amplificar e prolongar um efeito neurofisiológico, gerando mais mensagens de perigo ao cérebro, deixando os nervos mais sensíveis a dor.

Isso mostra a importância de avaliarem-se essas duas estruturas (cervical e ATM), devido as suas íntimas relações neuroanatomicas e a relação com a sensibilização central, com comprometimentos multidimensionais.

Dr. Marcio Quirino – Equipe HEAD & NECK Fisioterapia

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