Hoje temos a honra de receber como convidads, aqui no nosso BLOG, uma nutricionista funcional especializada em longevidade. O tema abordado será os distúrbios do sistema gastrointestinal como sendo causa primária de dores de cabeça e enxaqueca. Aproveite!

A conexão intestino-cérebro já é bem documentada, e este eixo é uma via de mão dupla, tanto o cérebro influencia o intestino como o inverso também é verdadeiro.

Assim vamos pensar na enxaqueca como um modelo dessa interação, onde alterações de funcionalidade do aparelho digestivo predispõem e contribuem para o surgimento da enxaqueca, onde mecanismos múltiplos são considerados como causas.

 

Então o que há de novo como possível causa para dores de cabeça e enxaqueca?

 

Vamos começar com esta revisão de literatura que teve como objetivo fornecer evidências de dores de cabeça originárias de distúrbios do sistema gastrointestinal, como causa primária da dor de cabeça classificada pela International Headache Society.

Os distúrbios gastrointestinais que são associados a dores de cabeça primárias incluem dispepsia, doença do refluxo gastroesofágico, constipação, dor abdominal funcional, síndrome inflamatória do intestino, distúrbios inflamatórios do intestino, doença celíaca, alergia alimentar e infecção por Helicobacter pylori (H Pylori).

Então, sendo assim, a enxaqueca ou outras dores de cabeça primárias não são doenças episódicas, mas, na verdade, são distúrbios com anormalidades existentes, envolvendo outros sistemas que se manifestam com ataques episódicos, ou as dores de cabeça são manifestações ou sequelas de distúrbios em outros sistemas do corpo, como o trato gastrointestinal.

Todos os pacientes com estes distúrbios apresentaram mais cefaleia e enxaqueca do que a média, e quando tratados, a cefaleia e a enxaqueca melhoram junto com a doença, ou seja, quando um é tratado o outro é tratado conjuntamente.

As hipóteses que explicam essa associação são: sensibilização central e dor referida parassimpática, vias de serotonina, disfunção autonômica do sistema nervoso, vasculopatia sistêmica e alergia alimentar. Emergency (2016); 4(4): 171-183

 

Afinal, como devo fazer?

 

Portanto, melhorar o funcionamento do sistema digestivo e identificar os alimentos alergênicos é fundamental para o tratamento desses casos de enxaqueca e cefaleia.

A exclusão de alimentos só deve ser feita com orientação e supervisão profissional para evitar restrições desnecessárias.

Primeiro é necessário avaliar possibilidade de doença celíaca, citada no estudo como causa primária de enxaqueca, e para isso é preciso o paciente estar consumindo o trigo.

Lembrando que o corpo só reage ao que está muito presente na rotina alimentar, o que nos mostra que a resposta ou gatilho para enxaqueca é individual, é o ponto de partida para avaliar possíveis hipersensibilidades alimentares, onde os pacientes devem ser submetidos a dieta de eliminação e reintrodução gradativa, condição indispensável e essencial, podendo ser baseada nos resultados de medição de IgGs alimentos específicos, e outros testes, principalmente em pacientes com enxaqueca refratária ao tratamento tradicional.

 

Portanto, melhorar o funcionamento do sistema digestivo e identificar os alimentos alergênicos é fundamental para o tratamento desses casos de enxaqueca e cefaleia.

 

Para um tratamento adequado da enxaqueca e cefaleia identificar os alimentos que são alérgenos é essencial como já foi dito, mas toda condição clínica e fisiopatológica do paciente deve ser considerada, desde a predisposição genética para alergias, carências nutricionais, desequilíbrio de w3 e w6 na dieta, presença de permeabilidade intestinal, disbiose e sibo que são frequentes em quadros de hipersensibilidade alimentar, estresse com alterações de níveis de cortisol, falta de enzimas digestivas e falta de ácido clorídrico, disfunção da tireóide, presença de toxinas ambientais, todos estes fatores isolados ou em conjunto diminuem a capacidade de resposta adequada do sistema imune, potencializando as alergias mediadas por IgE e Alergia alimentar não mediadas por IgE, mais frequentes nos casos de enxaqueca, causando inflamação crônica de baixo grau e consequentemente a dor.

Esta abordagem integrativa permite o desenvolvimento de condutas personalizadas e em conjunto com equipe multidisciplinar se consegue bons resultados no tratamento da enxaqueca e cefaleia.

 

Flávia Aguiar – Convidada ( @flaviaaguiar.nutri )

Nutricionista Funcional e da Longevidade

 

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