No texto de hoje, o tema proposto é a dor de cabeça do passo. Diga-se que o artigo analisado é o único que trata desse tema em particular, desta forma, mostra mais uma possibilidade de sintoma em casos de enxaquecas, apesar dos diversos sintomas que a enxaqueca apresenta de acordo com a classificação internacional para dor de cabeça.
Vamos lá!
“Há mais coisas entre o céu e a terra do que pode imaginar nossa vã filosofia”. (William Shakespeare)
Dentro da medicina de hoje existe muito mais do que está claramente conhecido e entendido. Há muito que está sendo descoberto dia a dia conforme o progresso da ciência. Mesmo assim, ainda há muito do que desconhecemos e pensamos que conhecemos, por isso devemos manter nossas mentes abertas para as novas ideias e filosofias.
O diagnóstico de enxaqueca depende de várias características da dor de cabeça com seus sintomas constitucionais associados, como náusea, vômito, fotofobia e fonofobia. Intensidade relativamente severa, caráter palpitante, unilateralidade e agravamento da atividade física são as principais características da dor de cabeça da enxaqueca.
Dor de cabeça do Passo é uma sensação de pancada dolorosa que é transmitida do pé para a cabeça após cada impacto do pé no chão durante caminhadas, corridas ou subidas de escadas. Essa pancada sempre é sentida no lado doloroso da cabeça e em toda a cabeça sempre que a enxaqueca for bilateral. Isso é considerado presente somente quando ocorre durante a caminhada, onde há uma associação clara com cada passo e não é sentido durante o estado sentado ou deitado (ao contrário da pulsação típica da enxaqueca). Esse sintoma único também é considerado positivo sempre que seja sentido durante a fase pródromo ou pósdromo da enxaqueca.
CONHEÇA OS 7 PRINCIPAIS SINTOMAS DA DOR DE CABEÇA!
DOR DE CABEÇA OU ENXAQUECA? – ENTENDA A DIFERENÇA!
Este foi um estudo observacional transversal realizado em um instituto de atendimento terciário do norte da Índia em pacientes com dor de cabeça primária. Um total de 150 pacientes com enxaqueca e 244 pacientes com cefaleia tipo tensional foram recrutados no ambulatório de neurologia do instituto. O diagnóstico de enxaqueca foi realizado de acordo com os critérios da Sociedade Internacional de Dor de Cabeça – Beta 3. Apenas os indivíduos com idade de início inferior a 50 anos e frequência de ataque de pelo menos 1 por mês nos três meses anteriores foram incluídos. Por outro lado, pacientes com hipertensão, doença cardíaca ou pulmonar crônica, infecções agudas ou crônicas das vias aéreas superiores e seios ósseos / venosos do crânio, condições inflamatórias autoimunes crônicas, fibromialgia e doença espondilótica da coluna cervical foram excluídos este estudo.
Um questionário geral para dor de cabeça, baseado nas diretrizes da Classificação Internacional de Distúrbios da Dor de Cabeça-Beta3, foi utilizado para o diagnóstico e classificação dos pacientes com enxaqueca em enxaqueca com e sem aura. Os fatores desencadeantes também foram registrados. Além disso, os pacientes com enxaqueca foram categorizados em grupos especiais com base no início da enxaqueca. Os pacientes com idade de início menor que 18 anos foram incluídos no subgrupo infantil no estudo. Os pacientes com enxaqueca como causa secundária após lesão na cabeça foram agrupados para o grupo pós lesão na cabeça.
O resultado do estudo foi composto por 244 pacientes com dor de cabeça do tipo tensional (com idades entre 16 e 65 anos, média de 36 ± 13,42 anos; 178 mulheres) e 150 pacientes com enxaqueca (com idade de 9 a 59 anos, média de 31 ± 11,28 anos, 123 mulheres). Vinte e seis (17,3%) pacientes com enxaqueca apresentavam características de dor de cabeça sobrepostas, incluindo dor de cabeça tipo tensão (19), hipertensão (2), dor de cabeça curta e aguda (2), cluster (2) e sinusite (1), além de ataques de enxaqueca.
Noventa e sete pacientes com enxaqueca (64,67%) observaram dor de cabeça do passo, enquanto nenhum dos pacientes com cefaleia Tensional apresentou esse sintoma durante a dor de cabeça. A sensibilidade do sintoma de dor de cabeça de passo é em torno de 64,67%, enquanto a especificidade desse sintoma chega a 100%. O sintoma teve distribuição quase igual entre os dois subtipos clínicos (61,5% para enxaqueca com aura e 65,3% para enxaqueca sem aura).
A maioria dos pacientes com dor de cabeça do passo teve esse sintoma durante todos os ataques de enxaqueca (77,32%), enquanto outros (22,68%) o apresentaram ocasionalmente. Entre os gatilhos da enxaqueca, o jejum prolongado (74,2%) apresentou associação significativa com a dor de cabeça (p = 0,031).
Nossos resultados mostraram que a dor de cabeça do passo foi mais comum naqueles pacientes que tiveram, além disso, o sintoma de dor de cabeça latejante ou o agravamento da pulsação com atividade física. Isso sugere que um mecanismo semelhante também pode ser responsável por esse sintoma. A transmissão do impacto mecânico dos passos para estruturas cranianas hipersensíveis, como pregas durais e seios durais do cérebro, pode ser dolorosa durante a enxaqueca.
Seguindo esse mecanismo, a dor de cabeça do passo deve ser mais comum em pacientes com cefaleia vascular, e foi o que realmente foi observado no presente estudo. Não encontramos nenhum paciente com dor de cabeça do tipo tensional com esse sintoma. No entanto, devido à baixa prevalência, dores de cabeça vasculares que não a enxaqueca não puderam ser incluídas neste estudo, e esse aspecto precisa de uma avaliação mais aprofundada. Se estudos futuros confirmarem alta prevalência de cefaleia em enxaqueca de outras populações étnicas, isso pode ser considerado um sintoma fundamental da enxaqueca, além dos já existentes.
Edelberto Marques – Equipe Head & Neck Fisioterapia
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