Hoje abordaremos sobre a fisiopatologia, apresentação e avaliação clínica da radiculopatia cervical.
Espondilose cervical é um termo usado para descrever o processo de envelhecimento degenerativo que engloba uma sequência de mudanças nos discos intervertebrais, corpos vertebrais, articulações apofisárias e ligamentos da coluna cervical.
É uma condição comum que ocorre como consequência natural do envelhecimento na maioria da população adulta/idosa. Como resultado, muitas vezes é difícil distinguir a degeneração fisiológica normal de mudanças patológicas. Mudanças anatômicas devem ser consideradas apenas patológicas se estão etiologicamente relacionadas a síndromes e sintomas clínicos.
Existem três categorias principais de espondilose: cervicalgia (dor cervical que não irradia), radiculopatia cervical (dor irradia) e mielopatia.
A radiculopatia cervical é um processo patológico que envolve a raiz do nervo cervical. Isto é, é o resultado da compressão e inflamação da raiz nervosa ou raízes no forame neural ou nas proximidades.
A causa mais radiculopatia são: herniação discal, seguida de espondilose cervical. A radiculopatia cervical é menos comumente causado por tumores “intraespinhais” ou “extraespinhais”, por trauma com raiz nervosa avulsão, cistos sinoviais, cistos meníngeos, durais fístulas arteriovenosas ou tortuosas vertebrais artérias.
A radiculopatia cervical também pode ocorrer sem uma causa identificável. Outras condições que pode imitar a radiculopatia cervical, que deve ser incluído no diagnóstico diferencial são: compressão nervo na extremidade superior, doença primária no ombro, distúrbios envolvendo o plexo braquial, e neuropatias periféricas. Vamos focar na irradiação da dor, secundária a compressão das raízes do nervo cervical por hérnia material do disco ou dor associada a espondilose cervical.
FISIOPATOLOGIA DA RADICULOPATIA CERVICAL
O disco intervertebral cervical é mais alto ventralmente do que dorsalmente, e é o disco cervical (não o corpo vertebral) responsável pela manutenção da lordose cervical. A parte externa do disco é composta pelo anel fibroso. Este anel apresenta-se em forma crescente e, quando visto no plano axial, é mais espesso ventralmente do que dorsalmente. Ventralmente, é “multilaminado” com fibras entrelaçadas de orientação alternada, mas dorsalmente, está presente apenas como finas camada de fibras de colágeno. Até os 20 anos, poucas alterações morfológicas ocorrem na coluna cervical. Na terceira década da vida começa um declínio progressivo no teor de líquido dentro do disco intervertebral e que continuará a reduzir com o passar dos anos. O núcleo pulposo torna-se uma “massa” fibrocartilaginosa indistinta. Em pacientes com menos de 30 anos, o conteúdo de líquido dentro disco intervertebral se aproxima de 90% e diminui para menos de 70% na oitava década de vida.
A unidade estrutural básica do núcleo pulposo é proteína glicosaminoglicana, que consiste em um núcleo proteico proteoglicano volumoso, estericamente ativos de polissacarídeos de sulfato de condroitina e sulfato de queratina. Por causa do seu alto peso molecular e carga negativa geral, as proteínas glicosaminoglicanas tem uma forte atração por moléculas de água. Com o envelhecimento, essas “grandes” proteínas glicosaminoglicanas estéreis ativas diminuem gradualmente em tamanho e número. Como resultado, o disco intervertebral também diminui a capacidade de reter água. Essas mudanças relacionadas à idade na composição química do núcleo pulposo e anel fibroso faz com que o disco degenerado torne-se mais compressível e menos elástico.
Consequentemente, o disco perde altura e como os corpos vertebrais estão posicionados verticalmente, estruturas adjacentes como o ligamento flavum e as facetas sofrerão alterações na sua biomecânica, auxiliando para a diminuição das dimensões do canal e do forame. Essa aproximação dos corpos vertebrais adjacentes leva a um processo reativo que produzirá osteófitos ao redor das margens do disco e no articulações não-vertebrais e facetas.
Radiculopatias compressivas ocorrer como resultado de distorção mecânica da raiz nervosa, quer pela faceta hipertrofiada ou articulações não-vertebrais, protrusão do disco, espondilose da região vertebral ou por uma combinação desses fatores. Compressão da raiz nervosa pode levar a déficits sensoriais, fraqueza motora ou dor radicular. A dor pode estar relacionada à compressão mecânica e à uma resposta inflamatória, de forma geral.
APRESENTAÇÃO
A radiculopatia de C2 é caracterizada por uma história de neuralgia occipital em que o paciente tem dor suboccipital dor auricular. A raiz do nervo C3, que é a menor raiz cervical, sai pelo maior forame e geralmente não é afetado pela espondilose. Pelo motivo da radiculopatia de C4 poder se manifestar com dor no pescoço posteriormente, na região do músculo trapézio e no tórax anterior, esse distúrbio pode, às vezes, ser difícil de diferenciar de uma dor cervical.
A radiculopatia de C5 geralmente causa dor que irradia por cima do ombro e no braço proximal ao longo da aspecto lateral do músculo deltoide. Achados clínicos podem incluir fraqueza do deltóide, bem como alguma fraqueza do músculo bíceps. A fraqueza do bíceps também pode ser devido a radiculopatia C6 devido à dupla inervação.
Para radiculopatia de C6, dor, dormência ou formigamento podem irradiar para o polegar e o indicador. Extensão do punho, fornecida pelo músculo extensor radial do carpo, é de inervação de C6, e esse movimento pode ser fraco. O reflexo braquiorradial pode estar diminuído ou ausente.
A radiculopatia de C7 pode causar dor que irradia para o dedo médio ou para a região interescapular. O tríceps, músculo inervado por C7 pode ser fraco. Um reflexo de tríceps ausente ou diminuído também pode indicar radiculopatia de C7.
A radiculopatia de C8 pode causar dor irradiada para o braço e antebraço medial, assim como o anelar e o dedo mínimo. Os músculos intrínsecos da mão podem estar fracos e o paciente pode exibir o “sinal de bênção” no qual o anel e dedos pequenos não se estendem completamente. Raramente, radiculopatia T1 pode estar presente e causar dormência na região ulnar do antebraço ou atrofia do interósseo dorsal músculo.
No próximo texto sobre esse tema iremos abordar as estratégias de tratamento da fisioterapia!
Até lá!
VINICIUS MARTINS – EQUIPE HEAD & NECK FISIOTERAPIA
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