Uma coisa é certa, praticamente todas as pessoas convivem com amigos e familiares que apresentam quadros de dores de cabeça. Devido ao fato de que a dor de cabeça em alguns casos pode ser expressão de algo mais grave, uma das perguntas frequentes feitas por essas pessoas é: “Qual profissional devo procurar?” Vamos entender um pouco melhor sobre o tratamento da cefaleia.
As dores de cabeça são tratadas por diferentes profissionais que incluem neurologistas, clínicos, fisioterapeutas especializados, psicólogos e médicos intervencionistas da dor, mas para isso é de fundamental importância que um diagnóstico seja feito – de forma correta e clara.
Em alguns casos o primeiro contato com um profissional de saúde especializado acontece após uma forte crise que leve a pessoa até uma emergência hospitalar ou até mesmo uma internação para investigar a causa. Exames de imagens são normalmente solicitados para confirmar/descartar a possibilidades de diagnósticos mais sérios, como tumores cerebrais. A história relatada pelo paciente sobre o início dos sintomas torna-se fundamental para corroborar com os possíveis achados clínicos.
O tratamento para cefaleia vai variar dependendo de qual tipo de dor de cabeça o paciente esteja apresentando e por isso é fundamental entender a fisiopatologia dos processos para que se estabeleça um solido programa de tratamento.
Cefaleia tipo tensão
Por exemplo: Pacientes portadores de cefaleia tensional, que é a cefaleia mais prevalente na população e que é caracterizada por dores moderadas, sensação de aperto ou pressão que atinge a região frontal, temporal e occipital, são tratadas com medicação, mas também com medidas não farmacológicas incluindo fisioterapia, terapia manual e biofeedback.
Medicações tais como paracetamol (acetaminofeno), naproxeno e ibuprofeno são utilizadas com sucesso para as fases abortivas ou agudas. É fundamental orientar os pacientes para que evitem o risco de automedicação uma vez que fenômenos chamados de rebote (não resposta ou piora com o uso dos medicamentos) podem ocorrer quando lidamos com pacientes com cefaleia de tensão crônica, na qual existem outros fatores associados tais como estresse, ansiedade e depressão. (os analgésicos em geral não funcionam). A opção do médico pode ser a prescrição de medicações chamadas triptofanos.
Enxaqueca
A enxaqueca é uma condição comum presente em aproximadamente 12% da população, sendo as mulheres mais acometidas que os homens e caracterizada por ataques e crises recorrentes. As enxaquecas podem durar vários dias em geral com dores predominantemente unilateralmente, de forma pulsátil.
Alguns gatilhos podem ser responsáveis por disparar as dores de cabeça e incluem: menstruação, estresse, álcool, condimentos, medicamentos à base de nitratos.
No caso de diagnóstico de Enxaqueca o tratamento abortivo deve incluir anti-inflamatórios não hormonais, analgésicos tipo acetaminofeno (paracetamol), antieméticos e os triptofanos. Lembre-se que os tratamentos são mais efetivos se realizados precocemente. Muitas vezes a medicação oral pode não funcionar devido a presença de estase gástrica induzida pela enxaqueca.
Muitos pacientes com enxaqueca que buscam a redução na frequência das crises, diminuição da incapacidade e a prevenção para evitar uma progressão para enxaqueca crônica, podem requerer medicação como os beta bloqueadores, anticonvulsivantes, antidepressivos tricíclicos.
Alguns medicamentos como os antagonistas da CGRP (gene da calcitonina), por exemplo, o erenumabe e fremazenumabe são extremamente caros e não deveriam ser usados como primeira linha. Além do mais não sabemos nada a inda sobre seu uso prolongado.
Cefaleia em salvas (cluster)
Outro tipo de cefaleia que produz dores de alta intensidade é a chamada cefaleia em salvas ou cluster. Classificada entre as cefaleias trigeminais autonômicas é uma cefaleia idiopática caracterizada por crises que se repetem 7 a 8 vezes no dia durando de 15 a 180 minutos. Com dores incapacitantes de elevada intensidade. Depois, podem apresentar uma remissão que dure meses ou anos.
Apesar de ser uma condição que persiste durante a vida muitos pacientes a medida que envelhecem tem uma diminuição na frequência das crises.
O tratamento deve incluir inicialmente o uso de oxigênio, pode-se também associar os triptofanos e o sumatriptan subcutâneo. Existe um grupo que não tolera o sumatriptan subcutâneo, no qual devemos usar a forma intranasal. Outras alternativas incluem a lidocaína intranasal e a ergotamina. Para os pacientes com cefaleia em salvas do tipo crônico a literatura médica dá suporte para o verapamil. Outros tratamentos incluem bloqueios do gânglio esfenopalatino e neuroestimulação.
Quando buscar um fisioterapeuta?
Afinal, quando que o paciente deve buscar um fisioterapeuta para o tratamento da cefaleia?
Em relação ao papel da fisioterapia e terapia manual nas cefaleias primarias ESPECIALMENTE CEFALEIA DE TENSÃO E ENXAQUECAS um corpo de evidências científicas vem sendo construído ao longo dos últimos anos e o papel da coluna cervical vem sendo cada vez mais confirmado em diferentes artigos e publicações.
Importante frisar que não são todos os casos de cefaleia que apresentam envolvimento cervical, mas é sempre interessante realizar uma avaliação com um profissional especializado para descartar ou confirmar o envolvimento cervical.
Na nossa prática clínica observamos que quando a cervical está envolvida e é bem tratada a frequência de crises das cefaleias tendem a diminuir. Por isso, o papel do fisioterapeuta no tratamento da cefaleia vem mostrando-se de fundamental importância.
A literatura científica dá mais suporte e evidências para o tratamento fisioterapêutico na cefaleia cervicogênica, que é classificada como tipo secundária. Este tema será abordado em um próximo artigo aqui no site! Neste artigo optamos por dar um enfoque principal as cefaleias primárias e o papel do fisioterapeutas em seus tratamentos, que são as mais comumente encontradas na população.
Continue acompanhando as nossas publicações! Aproveite para assinar nossa newsletter!
Dr. Palmiro Torrieri – Equipe Head & Neck Fisioterapia